A sÃfilis no Brasil está se tornando um problema cada vez maior. No perÃodo entre 2010 e 2018, houve um aumento de 4.000% nos casos sÃfilis adquirida (transmitida sexualmente) no PaÃs,
indo de 3,8 mil para 158 mil, segundo dados do Ministério da Saúde. E este quadro pode ser um reflexo do descuido com a prevenção contra as DSTs.
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âQuando você diminui a taxa de proteção, você vai ter um aumento superlativo nas doenças que se transmitem com mais facilidade, como a sÃfilisâ, explica Alex Meller, urologista da Universidade Federal de São Paulo e membro do corpo clÃnico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Para ele, o aumento dos casos de sÃfilis no Brasil, que também pode comprometer os bebês que ainda vão nascer devido a seu caráter congênito, vai além do descuido com a prevenção e seria também um reflexo da redução nas campanhas de prevenção.
Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista membro do corpo clÃnico do Hospital SÃrio Libanês, também vê uma certa despreocupação da geração mais jovem com a prevenção contra as DSTs.
Uma das razões, segundo ele, é a distância entre os jovens de 20 a 30 anos com o surto inicial de HIV, que fez com que a geração anterior se protegesse mais intensamente. âà como um pêndulo: uma geração se protege, a outra geração não vê problemaâ, compara.
O aumento nos casos de sÃfilis no Brasil em números
O resultado deste processo, que já se estende há quase uma década, foram 246,8 mil casos de sÃfilis no Brasil em 2018, entre as variantes adquiridas, congênitas (transmitidas da gestante para o feto) e diagnosticadas em mulheres grávidas. No infográfico abaixo, você pode encontrar mais informações sobre esta doença venérea:
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O que pode ser feito para conter o surto de sÃfilis no Brasil?

Dados estes números, pode surgir a pergunta: âEstamos presenciando uma epidemia de sÃfilis no Brasil?â A resposta, segundo os especialistas, é não - embora o surto deva ser motivo suficiente para preocupar as autoridades.
A solução, de acordo com o urologista e com o ginecologista, é voltar a investir na prevenção e na educação sexual para a população mais jovem. "A gente percebe que o problema existe, mas é pouco divulgado na mÃdia e menos ainda pelo governo", ressalta Alexandre.
O ideal, para Alexandre, é que se almeje a conscientização sobre sobre a existência de doenças como a sÃfilis e sobre a importância de se proteger delas, deixando o tratamento como um exemplo de último recurso.
Segundo ele, isso é preferÃvel porque o abuso das medicações contra esta doença venérea já levou ao surgimento de novas espécies da bactéria causadora da sÃfilis que são resistentes ao tratamento com antibióticos. "à clichê, mas a prevenção é sempre o melhor remédio", crava.
Como saber se você tem sÃfilis

Caso tenha ficado em dúvida se está com algum problema como a sÃfilis, é importante procurar ajuda médica, principalmente se você leva uma vida sexual ativa e não tem o hábito de usar preservativos. Para identificar se suas suspeitas se justificam, estes são os sintomas da sÃfilis em suas respectivas fases:
- Fase primária: surgimento de lesões e úlceras nos órgãos genitais, conhecidas como cancro duro. Segundo Alex, elas não costumam causar dor, o que pode fazer com que passem despercebidas;
- Fase secundária: aparecimento de manchas avermelhadas na pele. Uma caracterÃstica distinta das manchas causadas pela sÃfilis, segundo Alexandre, é que elas surgem também nas palmas das mãos e nas plantas dos pés;
- Fase terciária: depois da fase secundária, que pode durar cerca de 10 dias, a sÃfilis entra em perÃodo de latência, que pode durar anos. Neste estágio da doença, segundo o ginecologista do SÃrio Libanês, qualquer fragilidade imunológica pode desencadear problemas sérios que afetam desde o cérebro até o coração e podem levar à morte.
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E mesmo depois que estiver tratado, a melhor saÃda é começar a usar proteção e se prevenir contra a doença. Assim, você se manterá seguro e ainda dificultará a proliferação da sÃfilis no Brasil.